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O SERMÃO DAS CINZAS
texto de apresentação para o lançamento da edição, 9 de Setembro de 2011, Teatro da Cornucópia

APRESENTAÇÃO

Estou aqui, porque faço parte de uma equipa que tem vindo a preparar a edição crítica completa dos Sermões do Padre António Vieira. Durante esse trabalho tomei consciência vivíssima, como nunca tinha sentido, de que os Sermões de Vieira são como música da língua. Fizeram-se para ser ouvidos. Se o Padre Vieira vivesse no nosso tempo poderia ter gravado os seus Sermões. Se fosse eu a ele, pediria ao Luís Miguel Cintra que os dissesse, e gravasse, e editasse todos. A língua portuguesa fica mais rica com cada uma das suas gravações. Muito obrigado, Luís Miguel. A sua leitura é o melhor aval que temos para prosseguirmos no trabalho de reconstruir com rigor o texto que Vieira efectivamente pregou, liberto das gralhas, incorrecções e banalizações que se foram introduzindo com o tempo. Meu Caro Luís Miguel, o Sermão da Cinza que nos oferece em gravação, não carece de ser apresentado. Basta ouvi-lo. Os breves traços com que vou tentar enquadrar o tema do Memento Homo nos Sermões da Cinza do Padre Vieira não pretendem ser mais que uma gota nesse profundo êxtase em que se mergulha quando se ouve Vieira na voz do Luís Miguel.

O Padre António Vieira publicou três Sermões para Quarta-Feira de Cinza. Um devia ser pregado na Capela Real, mas não foi, por doença do pregador. Os outros dois foram pregados, em anos consecutivos, na Igreja de Santo António dos Portugueses em Roma. Embora esteja tão pré-definido o tema da pregação, ditado pelo rito da imposição da Cinza, traçando uma cruz na testa de cada um dos participantes, e pelas palavras que acompanhavam esse gesto, cada um deles tem a marca do púlpito onde foi pregado e do público a quem se dirigia. A sentença com que Deus expulsou o homem do Paraíso, Memento homo quia pulvis es et in pulverem reverteris, «lembra-te, ó homem, que és pó e em pó te hás-de converter» é parte comum a todos eles. O rito e as palavras têm carácter penitencial, pois assinalam o início da Quaresma, tempo de arrependimento e de mudança de vida. O propósito do pregador é persuadir o auditório à mudança de comportamento, ou seja, a afastar-se do pecado, e a «bem-viver» o seu compromisso de Cristão.

Este era indubitavelmente o objectivo da pregação. E quais os meios para lá chegar? O uso da palavra, do discurso persuasivo, ou seja, trabalhado segundo as regras da retórica clássica, de que Vieira fora professor e era exímio conhecedor. E, segundo a retórica clássica e mesmo a agostiniana, a melhor forma de agarrar a atenção dos ouvintes era deleitá-los, oferecendo-lhes uma exposição clara, colorida, cheia de desafios à inteligência e à imaginação, com belas descrições, histórias exemplares, evocação de personagens célebres, citações de santos, sábios e filósofos. Enfim, das três finalidades do discurso – persuadir, ensinar, deleitar – esta última acabou por ocupar um lugar importantíssimo nos Sermões do Padre Vieira. Por isso, eles são autênticas obras de arte. Pelo que, em tempos em que se caminha a passos largos para o afastamento dos ritos e dos ritmos litúrgicos da vida, os Sermões do Padre Vieira podem ser lidos e ouvidos com deleitação e muito proveito por crentes, descrentes, agnósticos ou ateus. São de facto uma obra em que brilha o génio e a elegância no dizer.

O que mais tem provocado a admiração dos leitores atentos de Vieira é «a fecundidade» com que ele reveste o mesmo tema com os mais diferenciados desenvolvimentos.

O ponto de partida comum aos três Sermões consiste na análise do significado da sentença com que Deus condenou Adão, e nele toda a humanidade, a voltar ao pó da terra de que fora formado. A morte não é mais que uma reversão, «reverteris», um regresso à matéria inerte que fomos. E o que é a vida? É um sopro que anima o pó que somos, ou em termos metafóricos, é um vento que passa e o levanta. A forma mais simples com que Vieira desenvolveu esta ideia foi considerar a condição humana em movimento contínuo do presente para o futuro, do pó que somos para o pó que havemos de ser: «O pó que somos, é o de que se compõem os vivos: o pó que havemos de ser, é o em que se resolvem os mortos. E sendo estes dous extremos tão opostos, como o ser, e não ser; não é muito que os efeitos e afectos que produzem em nós, sejam também muito diversos: por isso amamos a vida, e tememos a morte.» Assim, a oposição entre «és pó» (presente) e «em pó te hás-de converter» (futuro) é a mesma que existe entre «ser» e «não ser», pois que ser «pó vivo» é ser, ao passo que ser pó morto é não ser, e como a vida é uma condição de ser e a morte é a sua anulação, amamos a vida e repudiamos a morte.

Porém, numa perspectiva meramente pessimista, muito colada à filosofia do Livro do Eclesiastes – brevidade da vida, inutilidade das labutas do homem, fracasso das suas obras, etc. – o Padre Vieira avança na sua análise e declara: «O amor está fora do seu lugar, porque está na vida: o temor também está fora do seu lugar, porque está na morte: o que farei, pois, será destrocar estes lugares com tal evidência, que fiquemos entendendo todos, que a morte, que tanto tememos, deve ser a amada, e a vida, que tanto amamos, deve ser a temida.» E ainda: «o maior bem da vida é a morte; o maior mal da morte é a vida.» E o discurso prossegue neste tom até quase fazer o elogio do suicídio em certas circunstâncias, recordando que «os Estóicos, cuja seita pela preferência da virtude se avizinhava mais ao lume da razão, não só davam licença aos seus professores para que antepusessem a morte à vida, mas aos que em casos de honra tomavam por suas mãos a mesma morte (a que chamavam porta da liberdade) os introduziam por ela à imortalidade da glória.» E depois de mencionar personagens bíblicas que preferiram a morte à vida, isto é, que se suicidaram, como Sansão, Absalão e «Aquitofel, que era o Catão dos Hebreus», acrescenta rotundamente: «Em suma, [...] os maiores homens do mundo em todos os estados do género humano, ou com fé, ou sem fé: ou na lei da natureza, ou na escrita, ou na da graça, sempre desejaram mais a morte, do que estimaram a vida; e sempre em suas aflições e trabalhos apelaram do pó que somos sobre a terra, para o pó que havemos de ser na sepultura.»

Isto não quer dizer que Vieira seja apologista do suicídio; pelo contrário, condena aqueles «Hereges», referidos por Santo Agostinho, «os quais interpretando impiamente aquelas palavras de Cristo [...] em que parece nos manda ter ódio à vida, se matavam com suas próprias mãos.» O pensamento de Vieira é que esta vida terrena é um cárcere, um lugar de misérias e sofrimento, de que se obtém a libertação por meio da morte. Na filosofia estóica bebeu o Padre Vieira esta simbiose entre Morte e libertação; e particularmente em Séneca que conhecia em pormenor. Ao longo dos seus Sermões são inúmeras as reminiscências veladas e as remissões explícitas para as Cartas a Lucílio, para os Diálogos e para as Tragédias. Esta é uma das riquezas dos Sermões, a reflexão sobre a vida, que lhes confere um valor e uma actualidade que não passam com o tempo.

Este Sermão, que acabo de citar, foi escrito para a Quarta-feira de Cinza de 1662, uns meses depois de os Jesuítas terem sido expulsos do Maranhão, e poucos meses antes de o Padre Vieira ter sido exilado para o Porto e a seguir para Coimbra, a fim de ser submetido aos interrogatórios da Inquisição. Sente-se esmagado pelo sofrimento físico e moral; o cárcere da Inquisição está no horizonte. Neste contexto, não admira que insista em afirmar que «o maior bem da vida é a morte», ou, em termos mais consentâneos com o rito da cinza, que «o maior bem do pó que somos, é o pó que havemos de ser».

Mas não é este o espírito nem a tonalidade do Sermão pregado precisamente dez anos mais tarde em Roma, a não ser o enquadramento da cerimónia da imposição das cinzas e da fórmula que se vinha usando desde o século XIII: «Memento homo», «Lembra-te, ó homem»1.

Neste Sermão, construído sobre a pura retórica do fulgor, do estilo sublime, Vieira como que salta para fora de si e do sentido individual da vida ou da morte, e debruça-se sobre a condição histórica da humanidade. Não é a vida que comanda a história, é a morte: porque a morte iguala todos os homens no mesmo pó. Desfaz impérios e arrasa cidades, livra os miseráveis do sofrimento e aterroriza os poderosos. Nivela todos pela bitola de uma só e mesma justiça, que se aplica a todos sem olhar a quem e sem direito de apelação.

Como mensagem subliminar, Vieira visa as injustiças, as desigualdades, a arrogância, o luxo, a ostentação, o prazer e a magnificência dos palácios, como que insinuando que a humanidade seria outra, muito mais feliz, se os homens se convencessem de que já são o pó que hão-de ser. Mas como convencer alguém de que não só há-de ser «pó de futuro», senão que já é «pó de presente»2: Pulvis es! «Como o pode alcançar o entendimento, se os olhos estão vendo o contrário?3» – pergunta o Padre Vieira. Inversamente, não é preciso ter fé, nem sequer saber ler, para acreditar que todo o homem, rico ou pobre, poderoso ou miserável, rei ou pedinte, há-de ser pó.

Neste ponto, o primeiro olhar de soslaio vai para os túmulos dos Papas: «Se perguntardes de quem são pó aquelas cinzas, responder-vos-ão os epitáfios (que só as distinguem). Aquele pó foi Urbano; aquele pó foi Inocêncio; aquele pó foi Alexandre; e este, que ainda não está de todo desfeito, foi Clemente.4» Quatro Papas, todos eles falecidos nos últimos vinte e oito anos. A maior parte dos presentes tê-los-ia conhecido. A caricatura que o Padre Vieira faz dos longos epitáfios papais em latim redu-los a todos a um denominador comum: «Aquele pó foi». Em vida, quando eram «pó levantado»5 foram «Sumos Pontífices», «Príncipes da Igreja», «Suas Santidades». Agora são apenas «Aquele pó», porque pó caído. Dizer do Papa Clemente IX «que não está ainda de todo desfeito», para se referir a um Papa, que Vieira conheceu pessoalmente e que estimava, e junto do qual se dispunha a tratar do levantamento das Censuras6 que em Roma foram lançadas contra a Carta Esperanças de Portugal, Quinto Império do Mundo – não implica falta de respeito7. O que pretende, à maneira barroca, é provocar um calafrio com o choque da evocação visual do macabro.

Aliás, a utilização da história como exemplum, ou argumento paradigmático, é um dos recursos recorrentes, com grande efeito persuasivo, sobretudo nessa Roma do séc. XVII, coruscante de arte barroca, considerada a cabeça do mundo. Mas a cabeça do mundo que é, deve ver-se ao espelho da caveira do Império que foi, e do qual não restam senão ruínas e pó: «Que é Roma levantada? A cabeça do mundo. Que é Roma caída? A caveira do mundo. Que são esses pedaços de Termas, e Colisseus, senão os ossos rotos, e troncados desta grande caveira? E que são essas Colunas, essas Agulhas desenterradas, senão os dentes, mais duros, desencaxados dela! Oh que sisuda seria a cabeça do mundo se se visse bem na sua caveira!8» E noto mais uma vez o macabro da caveira, com ossos partidos e mutilados, tão presente na iconografia e na pintura do barroco; e o jogo dos espelhos, outro ingrediente da estética barroca, símbolo da reversibilidade, e da memória que guarda e reflecte o passado na identidade do que se é no presente.

E porquê este olhar de censura para Roma? Porque Roma, a temporal, não olha para a caveira que foi nem para a caveira que há-de ser. Em vez disso perde-se na vaidade. E, perdendo-se na vaidade, configura a Babilónia da profecia do Apocalipse, que cairá novamente de uma grande derrocada que está para breve. Vieira vivia atormentado com a ideia da destruição da cidade cabeça do mundo. A correspondência enviada de Roma durante o ano de 1672, data em que foi proferido este sermão, em especial as cartas endereçadas a Duarte Ribeiro de Macedo e ao Marquês de Gouveia, é fértil em pensamentos pessimistas sobre o futuro da cabeça da Igreja, da Itália, da Europa e do mundo. Vieira perscruta «os avisos do Céu», manifestados no «grande prodígio que foi o corpo de S. Nicolau começar a sangrar» (Cartas, vol. II, pp. 358, 427, 429, 431, 436, 445, 452, 454). «Um raio caído em Palácio no quarto de Sua santidade»9 constituiu, juntamente com uma série de terramotos em Itália e com o aparecimento de um cometa em Portugal, uma advertência à cristandade. O Turco às portas da Hungria e da Croácia, o seu avanço sobre a Polónia, a guerra desencadeada entre a República de Génova e o Duque de Sabóia, a fome que grassava na Sicília e no sul de Itália, são os elementos de composição de um quadro terrificante. Roma não está livre de uma nova destruição que Vieira pensa será para breve.

Deste modo, o Sermão da Cinza assume contornos proféticos e apocalípticos, que legitimam a formulação de um juízo sobre a história e sobre a Igreja a começar pela cabeça da cristandade. O conhecimento de Deus é sobre o passado, o presente e o futuro. O conhecimento profético é uma participação do conhecimento que Deus tem sobre o mundo. Logo é um conhecimento sobre o passado, o presente e o futuro. E tudo se resume a um raciocínio construído sobre o Memento Homo: «Olhemos para trás: que é o que fomos? Pó. Olhemos para diante: que é o que havemos de ser? Pó. Fomos pó, e havemos de ser pó? Pois isso é o que somos: Pulvis es.10» Este é o estatuto de tudo o que foi criado, não apenas do ser humano. Só Deus foi Deus, é Deus, e há-de ser Deus. Por isso só ele pode dizer: Eu sou o que sou. Mas esses deuses da terra vejam o que foram e o que hão-de ser: se algum deles «foi pó, e há-de ser pó, faça mais caso da sua sepultura, que da sua divindade.11»

Resta, pois, esperar o dia da conflagração universal, e antes dela, a implantação de um mundo melhor, sem sofrimento, sem injustiça, sem mal, em que todos os homens sejam iguais. Mas isso pertence a outro livro, a Clavis Prophetarum, Chave dos Profetas, que Vieira estava a escrever quando pregou este sermão. As ideias, porém, não são incomunicáveis de obra para obra, são como a água em vasos comunicantes. A vida é um círculo: «Uns fazem o círculo maior, outros menor, outros mais pequeno, outros mínimo»12: as pessoas, os povos, as nações, os impérios e toda a criação. Para todos o rio do tempo desagua na eternidade. A história resolve-se – dissolve-se e soluciona-se – na escatologia. É este o significado mais profundo dos Sermões da Cinza e particularmente deste que o Luís Miguel faz ressoar pela primeira vez aos nossos ouvidos, depois de um silêncio de trezentos e trinta e nove anos.

Arnaldo do Espírito Santo

1 Cf. Dom António Coelho O.S.B., Curso de Liturgia Romana, Tomo I. Mosteiro de Singeverga, Negrelos, Edições «Ora et Labora», 3ª edição, 1950, p. 90.

2 Padre António Vieira, Sermões I, Direcção Científica de Arnaldo do Espírito Santo, Consultor Científico, Aníbal Pinto de Castro, fixação do texto e aparato crítico de Arnaldo do Espírito Santo, Maria Cristina de Castro-Maia de Sousa Pimentel, Ana Paula Banza. CEFi – INCM, 2008, p. 64.

3 Ibidem.

4 Ibidem.

5 Padre António Vieira, Sermões I, op. cit., p. 72.

6 «[...] se lhe deu plenária notícia do peso e qualidade das ditas censuras e qualificações dos ministros do da Sagrada Congregação do Santo Ofício de Roma e deste Reino, declarando-lhe não só que o dito papel fora censurado absolutamente por fátuo, temerário escandaloso, injurioso, sacrílego, piarum aurium ofensivo, erróneo, sapiente a heresia, senão também as proposições particulares sobre que a censura de cada uma delas caía respective (P.e António Vieira, Obras Escolhidas, Prefácio e Notas de António Sérgio e Hernâni Cidade, Vol. VI, «Sentença que no Tribunal do Santo Ofício de Coimbra se leu ao Padre António Vieira». Lisboa, Sá da Costa, 1952, pp. 180-181). Veja-se, também, Padre António Vieira, Cartas, coordenadas e anotadas por J. Lúcio de Azevedo, Lisboa, Imprensa Nacional, 1971, tomo segundo, p. 277: «Deste papel, interpretado como pareceu aos quali­ficadores, se formaram proposições e se mandaram a Roma, onde foram censuradas, sem aqui nem em Portugal eu ser ouvido, porque quando isto se fez estava eu no Maranhão, sem se me dar notícia de tal cousa. Suposto isto, eu não quero ter pleito algum com os inquisidores de Portugal, que foram meros executores das censuras, e só quero e devo ter com os ministros de Roma que as censuraram, e pedir ao Papa que, pois eu não fui ouvido, me oiça, e depois de cuidar a razão do que eu disse mande julgar de novo o que for justiça.»

7 Por trás das palavras que descrevem a pompa fúnebre de Clemente IX, vislumbra-se a admiração de Vieira pela «memória mais rica de fama» que ele deixou: «Morreu enfim o Papa, nosso senhor Clemente lX, em 9 do corrente pelas três horas da manhã, que lá chamamos sete; celebraram a sua morte os validos com sentimento, os demais com alvoroço; uns pela novidade, outros pela esperança. Ao dia seguinte, com duas horas de noite, passou pela nossa porta a pompa do enterro pela ordem seguinte: iam diante os estafeiros de Sua Santidade com tochas, logo a guarda dos tudescos, e neste lugar o corpo revestido de pontifical, desco­berto por todas as partes, em umas andas de veludo de carmesim bordadas, acompanhado de um e outro lado com os doze penitenciários de S. Pedro, todos padres da Companhia; seguiam se seis peças de artilharia, levadas por cavalos em suas carretas e guarnecidas de alguns infantes; após estes duas companhias de cavalo, uma de couraças, e outra de cavalos ligeiros com as lanças enristadas; e por fim os oficiais do palácio pontifício em carroças. Saiu de Monte Cavalo para ser depo­sitado em S. Pedro, onde se vão continuando as exéquias. Sic transit gloria mundi. (Padre António Vieira, Cartas, op. cit., tomo segundo, p. 283).

8 Padre António Vieira, Sermões I, op. cit., p. 78.

9 Padre António Vieira, Cartas II, op. cit., p. 454.

10 Padre António Vieira, Sermões I, op. cit., p. 68.

11 Ibidem.

12 Padre António Vieira, Sermões I, op. cit., p. 71.